Gosto quando me falas de ti... e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida
na paisagem sem nuvens, cenário de meus desejos
tranquilos
Gosto quando me falas de ti... e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai
desfeito em carícias vãs...
Gosto quando me falas de ti...
quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra,
e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios,
apenas pintados,
maduros,
mas nunca mordidos antes da minha audácia.
Gosto quando me falas de ti... e muito mais adiantas
em teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras,
como um lençol
distendido,
e descortino o teu destino,
como um caminho certo, cuja
primeira curva
foi o nosso encontro.
Gosto quando me falas de ti...
porque percebo que te desnudas
como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão...
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